Prazer em tocar - Um músico precisa estar sempre em busca de novidades, ensina o trompetista Márcio Montarroyos
O ano de 2001 começa agitado para o trompetista carioca Márcio Montarroyos. No início de janeiro, ele estará se apresentando no Rock in Rio. Uma honra que certamente confirma o prestígio do músico, tanto no Brasil quanto no Exterior, já que será o único instrumentista de sopro a participar do evento como atração solo. E o público que se prepare para ouvir uma das mais impressionantes peças do artista, o “Congado Celebration”, música inspirada na manifestação folclórica de Minas Gerais e que une trompete,vozes, bateria, contrabaixo e piano. “Tenho muito prazerem tocar, e acredito que tenha sido a satisfação proporcionada pela música o que mais impulsionou minha carreira”, diz o trompetista.Essa satisfação, aliás, foi o que levou Márcio a aprender outros instrumentos além do piano (seu primeiro contato com a música, antes mesmo do trompete). “Nasci em uma família onde a música esteve muito presente. Aos quatro anos, já comecei a aprender piano, influenciado por minha mãe, que tocava o instrumento. Foi só aos treze anos que conheci o trompete”, conta.Integrante de uma família onde a música erudita sempre prevaleceu, Márcio sentiu-se atraído pela musicalidade do jazz. Pouco a pouco, foi percebendo que o trompete lhe dava mais opções. “Como bem descreveu um amigo, o arqui-teto Sérgio Bernardes, o trompete é a lapiseira do som,delineando linhas melódicas na música”, lembra Márcio.Para ele, o trompete é o instrumento que melhor consegue exprimir o seu interior. “A gente segura o instrumento,sopra ar e sai música. Não quero dizer que tenha deixa do de tocar outros instrumentos, mas hoje minha técnica no trompete supera todas as outras. Porém, acho válido conhecer as possibilidades. O aprendizado do piano, por exemplo, é extremamente importante para a profissionalização do músico de sopro, pois desenvolve a harmonia e o ritmo”, considera.
Márcio e oídolo MilesDavis nacamiseta:bebendo nafonte do jazz
F r e d e r i c o M e n d e s
Prazer em tocar
Influenciado por trompetistas como Dizzy Gilespie,Miles Davis, Freddie Hubbarde Lee Morgan, seu estilosempre agradou aos grandesnomes do meio artístico. Provadisso está nos artistas que jáacompanhou: Roberto Carlos,Tom Jobim, Maria Bethânia,Gal Costa e Steve Wonder,entre outros. E para aumentarseu currículo, estará participando do Festival de Jazz deNew Orleans, em homenagem aos 100 anos de LouisArmstrong, ao lado de grandes feras.Com dez
discos gravados e se apresentando todasas segundas-feiras no Boteco 66, no Shopping Downtown,no Rio, sua mais recente inovação é tocar trompeteassociado à pedaleira de uma oitava cromática, o queaumenta sua gama de possibilidades melódicas, harmônicase percussivas. Mas já avisa aos interessados: “Tem que termuita coordenação motora e não esquecer os sapatos debico fino”, brinca
Revista Weril Nº-132