Quer tocar agudos? Como não perder o seu apoio.

04:07 Oséias Pereira 0 Comentarios




Artigo escrito por, ninguém menos que ele, Maynard Ferguson, para a revista DownBeat, na edição Julho/93.
Parece que todos os trompetistas iniciantes, assim que conseguem tirar algum som, possuem a irresistível urgência em ver o quão agudo conseguem tocar. Quando você aplica o registro mais alto no improviso do jazz, o objetivo é que não se perca nada de sua articulação. O som, ataque e a "soltura" são muito diferentes se você é predominantemente um 1º trompetista/lead, em uma situação físicamente exigente. É difícil pra um lead de grade poder para tornar-se um grande jazzista, mas alguns o fazem.
O que nós sobressaímos está fortemente ligado a onde gastamos o nosso tempo. Se a maior parte do nosso tempo de performance e prática é os registros médios e agudos, este é o tipo predominante de trompetista que você vai ser, por que, artisticamente, é onde você aprecia/desfruta mais o instrumento. Mas, para aqueles que aspiram a melhorar o seu registro agudo, estes devem extendê-lo na mesma maneira que um grande cantor de ópera extende o seu registro mais alto. Cantores de ópera que "piam"/guincham não possuem muita demanda. Não se permita ser marcado como um trompetista desse tipo.
Algo que eu fazia no começo, para aumentar meu alcance, era tocar belas melodias que eu estava familiarizado e que gostava. Devo advertir que a balada que você escolher deve possuir uma melodia alongada. Fazendo desta maneira, você se livrará daqueles, chatos, exercícios de notas longas que os trompetistas tão odeiam.
Então, pratique tocando a mesma melodia uma terça menor acima - algumas vezes com vibrato, outras vezes sem. Pare de tocar assim que você perder qualquer parte da beleza que tinha no tom mais grave. No momento em que soar cansado/esticado/tenso, pare e descanse. Então toque de novo, ainda na terça menor, até que sinta totalmente natural e lírico/sentimental. Eventualmente, tente uma quinta, sempre sem aumentar a intensidade. Uma coisa muito importante acontece: conforme você começa a pensar neste novo tom como o normal, você vai ter elevado o centro do seu alcance tanto mentalmente como fisicamente.
O Miles Davis uma vez me perguntou o que estava fazendo de errado no registro agudo. "Os seus pés", eu disse a ele.
"Droga", ele falou, indo embora. Ele me perguntou de novo mais tarde, e eu expliquei o que eu quis dizer. Veja um grande levantador de peso ou o Pavarotti em suas melhores/mais importantes performances - ambos estão exercendo uma grande energia. Seus pés estão firmemente "plantados", e eles estão igualmente equilibrados e balanceados em cada um. Para manter a energia fluindo, você precisa ficar em pé e sentar corretamente.
Assim que você usar a expressão "Eu tenho que aquecer meus lábios", você já cometeu um erro. É uma coordenação de mente e corpo que você precisa primeiro, e então controle da respiração. Eu sugiro simplesmente exercícios de respiração do Hatha Yoga. Estes exercícios te relaxam e aquecem. A coordenação não é boa quando acompanhada do nervosismo. Escolha apenas os exercícios que você se sinta confortável e, o mais importante, que você aprendeu com um professor de Hatha Yoga.
Depois que um certo nível de conhecimento e técnica foi alcançado, o artista dentro de você toma controle, e este é o ponto de tornar-se um músico. Mas o instrumento que você toca, é você mesmo. Você estuda, pratica, ouve, e devota a maior parte de suas horas acordado para melhorar a sua performance. A coisa importante a se perguntar é: "Como eu quero soar?" e não "Como quem eu quero soar?". Os sons que estão em seu coração e em sua cabeça são os sons que irão sair do seu instrumento.

Comentários: Muito interessante este artigo, e, creio, muito correto. Vamos por partes:
Já vi outros trompetistas (bons) recomendarem transpôr algumas melodias curtas para buscar a região aguda. Dessa forma, vamos gradativamente aumentando nosso alcance, sempre pensando na musicalidade (mesmo nos agudos, devemos pensar de forma musical), e claro, estudando também transposição e tonalidades. Pode-se subir de meio em meio tom uma melodia, ou subir de tom em tom, ou em terças, pegando sempre alguma tonalidade ainda não tocada. Até segunda eu ponho alguns links de materiais e exercícios sobre isso.
Quanto aos pés, este ano mesmo, em uma aula com o Charles Schlueter ele falou da importância da posição do corpo (e dos pés) enquanto tocamos (e vimos que isso fez diferença).
Quanto à Yoga, bem, posso dizer por experiência própria que alguns exercícios de respiração fazem muito bem (adquiri este livro). O Roger Ingram comentou em um post no Trumpet Herald que usa respiração de Yoga, e há uma video aula dele disponível para compra na internet (em ingles), e em seu livro, Clinical Notes on Trumpet Playing. Esta respiração também é chamada de Wedge Breath.

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